terça-feira, 24 de janeiro de 2017

19º GRAU - O ALÍVIO DO PAU*

Ora, então, meu rico Mecânico - dado a perpetuar as superstições milenares - espatifou o frontespício de meu belo carrinho vintage na sexta-feira, 13. Minha linda Telma Jaquina.

Considerando que me pediram para lá de um dinheirão para botar a miúda novamente com bom ar, começámos a busca exaustiva por uma substituta. Acabámos por encontrar uma exactamente igual à antecessora mas em carrinha. Bagageira maior dá sempre jeito. Até se chamava Telma e tudo. Telma Gertrudes!

Fomos ver a miúda. Pois que gostei. Pois que confirmámos a vendedor que ficávamos com ela. E, ontem, lá fui eu e meu Mecânico ter com o filho do vendedor (que é senhor já mais entradote) a uma loja do cidadão que só fecha às 19h a viatura e pagar e trazê-la para seu novo lar.

Apanhámos montes de trânsito e eu entro lá na cena às 19:01, derrapando. Mas a senhora do estaminé foi querida e deixou porque já só faltava eu assinar o papelucho.

Registo feito, vamos para o carro onde, à boa maneira dos filmes de mafiosos, depositei as notas nas mãos carinhosas do (para protegermos a sua identidade, chamemos-lhe) Adolfo.

E eu este tempo todo a pensar que havia uma cena no carro que eu não tinha visto. "Ah e já vou ver" e não fui ver coisissima nenhuma!

Fui o caminho todo para casa a pensar: EU NÃO ABRI A BAGAGEIRA! Eu já a fazer o filme na minha cabeça e a imaginar o gaijo a deixar lá poias e assim. E do cadáver nem me lembrei, mas agora que penso nisso, arrisquei-me!!!!

Chega à minha rua. Estaciono e vou, lampeirinha, abrir a bagageira. Népias! Bagageira abrir que é bom, nicles!

Vá de insistir. E a coisa não se dava...

Saco de meu 'tefone'. Digo a Mecânico que a coisa não abre. Fico a contemplar minha belissima viatura e sua bagageira. Enquanto penso com meus botões: "Mulher, tu és um prodígio de esperteza! Ai que bela bagageira que vou ter mas é só para ver por fora!"

2º pensamento: "Por 1000€ também querias a bagageira, não????" Vida de proletariado é triste, tá?

Tento ligar ao Adolfo e ninguém atende!

E eu já a pensar: "Aguenta! Tens a mania que és despachadinha e agora já está, já está!"

Vá de ter o proverbial ataque de riso que isto o que vale é que as merdas dão-me é para rir. Olha, antes isso que uma perna partida...

Quando Mecânico chega, chama-me cá fora para ver se percebia o que havia com a bagageira.

Eu vou e, de facto, o pinchavelho da bagageira não dava acordo de si.

E eu ria...

Mas aqueles carros têm um manípulo ao lado do banco do passageiro para abrir a bagageira.

E aí abria. Mas só dava com um a puxar o manípulo e outro a abrir a bagageira.

O que para eu ir às compras dá aquilo que tem o termo técnico de "jeito do caralho"!

Estamos nós neste forróbódó e Adolfo liga de volta! E eu sempre a pensar mal das pessoas...

Então: bagageira umas vezes abre, outras vezes também não. Tem dias! (é mesmo gaija, o carro!)

Ahhhhh... Dizia Mecânico ao gaijo...

E eu mijava-me a rir!

"Mas podem sempre usar o manípulo do interior!" Dizia Adolfo.

E eu ria!

"Ó Adolfo, mas a minha camarada não consegue puxar o manípulo e abrir a bagageira sozinha!" Meu homem a olhar para o carro como que a tirar as medidas a Telma e a meus braços.

"Não há problema." Respondia-lhe Adolfo e eu já dobrada ao meio "Na porta do condutor, há um pedacinho de madeira. O meu pai fez à medida para pôr debaixo do manípulo enquanto puxa a porta da bagageira para cima!!!!" Resumindo: puxamos o manípulo no interior do carro, encaixamos o pau e vamos lá atrás abrir a bagageira. Tá certo!

Basicamente, meu carro, além de gaija, tem partes que só funcionam com o pau do Sr. Leonel!!!!!

Eu a pensar mal das pessoas e pessoas até me mandam buéda extras e tudo! Digam lá que não é fofinho?


Eu nem declarei isto ao seguro com medo que me aumentassem o prémio.

*Estavam a pensar badalhoquices, confessem lá...

2 comentários:

  1. Opá voltei a rir-me desalmandamente. Sendo que agora estou no estaminé, o que vale é que almoço sozinha e só eu eu ouvi a minha estrondosa gargalhada :-)

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